Leia o texto abaixo e responda:
Você gostaria de adiquirir seu cão já castrado?
Pesquisas recentes nos EUA indicam
a castração antes da puberdade e
apresentam suas vantagens. O objetivo do presente
artigo é debater o assunto, questionando
e discutindo se realmente existem efeitos negativos,
geralmente atribuídos a carência
hormonal.
A principal doença reprodutiva
das cadelas, e o tumor mais comum de cadelas sexualmente
intactas, é o tumor de mama. Ele é
o segundo tumor mais freqüente em cadelas
e o terceiro mais comum em gatas. É provado
que sua incidência cai para 0,5% quando
a cadela é castrada antes do primeiro cio,
mas o efeito da castração na diminuição
da incidência deste tumor vai diminuindo
com o tempo, sendo que não se altera se
a cadela for castrada após o segundo cio.
Já nas gatas, a ocorrência de tumor
de mama é sete vezes maior em fêmeas
não castradas do que naquelas castradas.
Além dos tumores de mama,
a castração precoce previne virtualmente
quase todos os outros tumores relacionados ao
sistema reprodutor, tanto em machos quanto em
fêmeas, assim como outras doenças
do sistema reprodutor. Por exemplo, uma doença
muito comum em cadelas e gatas, principalmente
naquelas que receberam hormônios para evitar
o cio, é o Complexo Hiperplasia Endometrial
Cística PIOMETRA, doença que se
não for tratada a tempo, ou seja, se não
for realizada a retirada do útero, pode
levar a morte.
Custos
Economicamente, a cirurgia em
filhotes é muito menos onerosa do que em
adultos, pois consome menos quantidade de anestésicos
e materiais em geral, sem ainda falar no tempo,
pois a cirurgia é muito mais rápida
do que no animal adulto.
Outra vantagem em se castrar filhotes é
fazer com que após a adoção,
não exista o risco destes animais se reproduzirem
e agravarem problema da superpopulação,
pois, a maioria dos proprietários não
esta consciente do problema e deixa seus animais
se reproduzirem sem critérios. Quando se
trata da fêmea o quadro é ainda pior,
pois, muitas vezes o que vemos são os donos
matarem os filhotes assim que nascem, ou jogá-los
na rua para que morram ou sejam adotados, e quando
eles sobrevivem acabam se tornando cães
vadios, sem dono, passando fome nas ruas e transmitindo
doenças para outros animais e mesmo para
pessoas. O que fazer? Ser conivente com a carrocinha
e o sacrifício em massa, ou adotar uma
política consciente de castração?
Mitos
e Preconceitos
Embora com o conhecimento das
vantagens que a castração precoce
pode propiciar, ainda existe um receio por parte
dos veterinários e da própria população
em castrar animais jovens. Os principais problemas
citados na literatura mais antiga, e que caíram
na crença popular são citados e
discutidos a seguir.
1. Retardo no Crescimento
A maturidade do esqueleto está
muito relacionada a puberdade e sofre a ação
direta dos hormônios sexuais, além
de outros. Embora não essenciais os hormônios
sexuais influenciam em todo metabolismo do esqueleto.
Dessa forma foi constatado que a castração
precoce atrasa o fechamento das epífises
ósseas, o que quer dizer que o animal permanece
em fase de crescimento por mais tempo e com isso
tem estatura ligeiramente maior do que teria se
não fosse castrado; além disso não
ocorrer em todos os animais castrados antes da
puberdade, este efeito não traz nenhum
problema, uma vez que não estamos falando
de padrões de raça em animais que
participam de competições, pois
os animais para exposição devem
reproduzir.
Quanto ao maior risco de fraturas,
nada foi comprovado a respeito e, na experiência
dos autores onde mais de 13 filhotes castrados,
entre cães e gatos, nenhum apresentou qualquer
alteração significativa.
2. Obesidade
Cientificamente foi provado que
aproximadamente 30% das cadelas castradas engordam
devido ao aumento do apetite, e parece que o mesmo
ocorre em gatas. Porém se a ingestão
de alimentos for controlada após a cirurgia
esse problema tende a diminuir.
Estudos realizados em ratos,
mostram que se a castração for feita
antes da puberdade não há aumento
na tendência a obesidade, e o mesmo foi
comprovado em nosso estudo com cães e gatos
onde nenhum dos filhotes castrados engordou em
demasia após a cirurgia.
3. Problemas de pele
Vários problemas de pele
tem sido atribuídos a castração,
como dermatites e queda de pelos, mas, nenhum
trabalho comprovou que tais problemas fossem inerentes
a castração uma vez que animais
não castrados também apresentam
estes problemas.
4. Mudança de
Comportamento
É da crença popular
que animais castrados ficam mais mansos e preguiçosos.
Vários trabalhos tem sido feitos comparando
em competições o comportamento e
performance dos animais que foram castrados após
a puberdade, mas quando receberam a mesma alimentação
e cuidados que os animais inteiros não
mostraram nenhuma diferença.
Por outro lado, com relação a “vadiagem”,
ou seja, o fato dos animais principalmente machos
(cães e gatos) viverem fora de casa, procurando
fêmeas no cio ou brigas com outros machos,
estes hábitos diminuem em 905 dos casos
após a castração, além
de reduzir consideravelmente a agressão
entre machos e a marcação de território
com urina. Vale ressaltar que outros tipos de
agressividade, principalmente no caso de cães
de guarda não é afetada.
Concluindo, nenhuma diferença de comportamento
nas brincadeiras, caça, monta, dominância
e guarda, ocorre em animais castrados, seja precoce
ou tardiamente.
5. Problemas Urinários
Relativamente pouco se sabe com
relação aos efeitos dos hormônios
sexuais sobre o sistema urinário em cães
e gatos.
Porém, sabe-se que os problemas antigamente
atribuídos a castração como
aumento da predisposição a obstrução
uretral em gatos, ou a incontinência urinária
em cadelas ainda merece maiores esclarecimentos.
A incidência de obstrução
uretral em gatos é a mesma em gatos castrados
ou não, embora os mecanismos dessa patologia
ainda não tenham sido esclarecidos.
Com relação a incontinência
urinária em cadelas, ela pode ocorrer de
semanas a anos após a cirurgia de castração,
assim como em cadelas inteiras. Vários
problemas anatômicos e fisiológicos
estão associados ao problema e não
se tem ainda uma causa definida. Se há
influencia hormonal, não há evidencias
que sugiram que a castração precoce
irá potencializar o problema.
6. Riscos anestésicos
e cirúrgicos
Quando filhotes com menos de
12 semanas são anestesiados, atenção
especial deve ser dada para o pequeno tamanho
do paciente e as diferenças na distribuição,
metabolismo e excreção dos anestésicos
mas, de maneira geral a cirurgia é feita
em menos de 15 minutos nas fêmeas e em 5
minutos nos machos, tornando-se bastante segura.
7. Predisposição
para doenças infecto-contagiosas
Uma das maiores preocupações
daqueles que adotam a castração
precoce é saber como o stress da anestesia
e cirurgia irá afetar a susceptibilidade
a doenças infecto-contagiosas como a Parvovirose
ou Cinomose.
Quando a cirurgia é feita até os
30 dias de idade, os filhotes se recuperam imediatamente
após o termino da anestesia e já
começam a mamar e brincar uns com os outros
mostrando que o stress é mínimo
assim como a dor parece ser a mesma de um corte
de rabinho, o que não ocorre em adultos
os quais sentem muita dor e as vezes passam um
ou dois dias muito apáticos e sem se alimentar
após a cirurgia.
De maneira geral vemos que a castração
precoce só traz vantagens e que é
necessária a ajuda de todos aqueles que
gostam de animais para que possamos acabar com
esse quadro horrendo que povoa nossas ruas e canis
municipais, sempre lotados de cães a espera
da morte.
Créditos:
Patrícia Arrais Rodrigues da Silva CFMV
0773 (Brasília – DF)
Clínica e Centro Veterinário do
Gama
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